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Arquitetos: Merooficina
- Área: 600 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:José Campos
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Fabricantes: merooficina, merooficina
Descrição enviada pela equipe de projeto. A complexidade e a velocidade da vida quotidiana actual, com o aumento das horas de trabalho e a diminuição do tempo de descanso, levaram a um novo protagonismo dos espaços de exercício colectivo nas formas de vida urbana. Nestes lugares, os objectivos são vários e o tempo perde-se na indefinição de lazer e de ócio. Ao tempo do exercício sobrepõem-se o tempo de estar e o de conviver.
Com o crescente sedentarismo contemporâneo, uma série de movimentos banais como o saltar, correr ou agachar foram desaparecendo do nosso dia-a-dia. No crossfit, o pragmatismo na recriação destes antigos hábitos é evidente e a relação
do tempo de exercício e dos objectivos a atingir, pretende-se, sobretudo, eficaz. No entanto, durante os treinos, os praticantes acabam por dividir-se entre momentos de alta intensidade física e momentos de descanso e relaxamento prolongado.
O muro crossfit, o ginásio que foi ocupar uma antiga confecção situada no bairro de couros, no centro histórico de Guimarães, exigiu uma adaptação influenciada por esta condição: um desejo, naturalmente, funcional e racionalista de preparar um espaço para o exercício físico, e a intenção de proporcionar momentos de lazer, ou mesmo ócio, a quem visita o espaço regularmente.
Neste projecto de custos controlados, o aproveitamento das instalações sanitárias existentes e a necessidade de inserção de uma zona de corta fogo junto da entrada, definiram a nova construção, enquanto o vazio resultante das duas construções desenharam as duas arenas de exercício.
A nova materialidade foi definida de acordo com os recursos existente e as actuais exigências: nas antigas paredes os azulejo brancos foram complementados com azulejos pretos com a mesma dimensão; e à antiga estrutura de betão, por vezes descoberta, foram adicionadas novas camadas coloridas, que juntamente com a estrutura de metal, o contraplacado de madeira e o policarbonato, pretendem criar novas barreiras e definir espaços confortáveis para comer, beber, cozinhar, vestir e tomar banho.
A transformação destas fábricas obsoletas do Bairro de Couros em ginásios e outros serviços pode ser uma forma de densificar e introduzir diversidade no interior dos quarteirões, onde estas fábricas desocupadas deixaram um vazio
urbano desocupado e em ruína.
Desta forma, tentou-se estabelecer um espaço contínuo e flexível, onde as novas materialidades construtivas se misturam com as existentes, proporcionando as mais diversas actividades físicas, num ambiente que se pretende simultaneamente
frenético e confortável.